Perguntas frequentes?
O que é uma manipulação?
Também conhecido como "Thrust". É um movimento rápido e preciso, realizado com as mãos na articulação acometida, normalmente acompanhado por um estalo, que visa alinhar e reposicionar, de maneira correta e equilibrada, as diferentes articulações que existem no corpo humano. Elimina-se, desta forma, os deslocamentos que ocasionam tensões, contraturas, encurtamentos musculares e uma multiplicidade de sintomas, geralmente acompanhados por processos dolorosos.

A definição precisa de manipulação articular é:
“Movimentação passiva de uma articulação com alta velocidade e baixa amplitude, além da amplitude de movimento fisiológico e dentro da integridade anatômica”.
Agora veremos o significado de cada uma destas sentenças:
- Com alta velocidade e baixa amplitude: o movimento necessariamente é muito rápido e curto (ou seja, evitado movimentos longos desnecessários). Realizando o movimento rápido é evitada a ativação da contração muscular que ocorre aproximadamente entre 50 a 100 milissegundos, sem movimento activo do paciente.
- Além da amplitude de movimento fisiológico: isto significa que o movimento é realizado além do normal, ultrapassando a barreira elástica e atingindo uma nova amplitude de movimento – a barreira parafisiológica.
- E dentro da integridade anatômica: o movimento necessita ser necessariamente curto, pois se for muito longo, além de adentrar na barreira parafisiológica pode haver uma distensão ou lesão dos tecidos articulares e periarticulares.
Os efeitos imediatos da manipulação articular são:
- Normalização do tônus muscular: tônus muscular significa a intensidade de contração da musculatura. A intensidade tende a normalizar-se. É comum observar que a musculatura ao longo da coluna fica menos contraída depois de realizada a manipulação.
- Aumento do limiar de dor: aumento da resistência do paciente a dor, ou seja, a dor do paciente é reduzida.
- Aumento da amplitude de movimento: a articulação ajustada tem a possibilidade de mover mais do que previamente.
- Liberação de endorfinas: há certa tendência de aumentar os níveis de endorfina na circulação sanguínea. As endorfinas são substâncias liberadas pelo próprio organismo e possui propriedades de amenização da dor (analgésicas).
Contraindicações
- Gravidez: Nos últimos meses de gestação, pois a gravidez apresenta problemas mecânicos e funcionais. Porém, se a dor tem origem claramente definida, na coluna vertebral, não existe impedimento para a manipulação, desde que sejam tomadas as devidas precauções.
- Doença da medula espinhal ou cauda eqüina: Qualquer pressão sobre a cauda eqüina ou sobre a medula espinhal é uma verdadeira contraindicação para qualquer forma de mobilização ou manipulação.
- Comprometimento arterial: Antes de realizar qualquer mobilização ou manipulação do pescoço, é indispensável perguntar especificamente sobre qualquer sintoma que sugira problema da artéria vertebral, particularmente vertigem ou distúrbio da visão, com a posição da cabeça.
- Doenças vertebrais: Uma classificação de causas vertebrais para dor espinhal inclui muitas desordens patológicas bem conhecidas (fracturas, tumores..). Freqüentemente há um parâmetro de mudanças degenerativas básicas que é, algumas vezes, agravada por esforço ou traumas menores.
- Espondilolistese: É uma contraindicação para a manipulação forçada, porém, o tratamento é freqüentemente bem-sucedido quando dirigido à medida da dor, originada em um ponto mais alto na coluna.
- Osteoporose: Esta restrição se aplica também às condições que possam causar osteoporose, incluindo o tratamento com estilóides.
- Espondilite anquilosante e artrite reumatóide: Elas afetam os ligamentos medulares que, ocasionalmente, podem levar a uma subluxação, na coluna cervical e raramente a morte súbita.
Vai "estalar" o meu pescoço?

A técnica do thrust (manipulação) tem os seus valores fisiológicos. Na prática, pode ser responsável por um alívio imediato para o paciente, mas de forma alguma é uma técnica insubstituível. Certo grupo de pacientes não a tolera, sendo essa substituída imediatamente por outra da decisão do osteopata.
Porque é que uma viscera pode provocar dores de costas?
A vida e o movimento estão intimamente interligados. O movimento é por si só um sinal de vida e funcionalidade. Desde as estruturas mais infinitésimas às de maior dimensão tudo está em movimento. Assim, também todo o ser vivo está em movimento constante. São de especial importância os movimentos que têm lugar dentro do corpo humano e que geralmente não são visíveis, como é o caso dos movimentos das nossas vísceras.

Podem existir dores lombares onde todos os exames radiológicos são negativos (tudo normal), uma coluna totalmente sã, no entanto as dores persistem, inclusive há anos. Após avaliação osteopática detecta-se, por exemplo, uma diminuição da mobilidade de qualquer orgão abdominal ou torácico. Qualquer um destes órgãos quando perde parte da sua mobilidade natural, pelas relações anatómicas com as estruturas adjacentes, provocará também alterações de mobilidade dessas mesmas estruturas. Enquanto não restituirmos a posição e a mobilidade normal desse órgão, qualquer tratamento que façamos será inútil.
Um problema na coluna cervical pode ser produzido por uma disfunção visceral?
É comum tratar-se pacientes com problemas de cervical ou torcicolos frequentes, que foram tratados várias vezes, mas mesmo assim o seu problema volta a surgir com alguma frequência. Em muitas destas situações estes problemas devem-se a disfunções viscerais.
Por exemplo: um paciente com hérnia do hiato ou úlcera gástrica é um doente que apresenta habitualmente alterações de mobilidade do estômago, essas alterações provocarão tensões anómalas que repercutirão de uma forma indirecta através de vários tecidos, provocando indirectamente dores de ombro(s) e cervicais.
Que problemas pode ocasionar se não se trata?
Uma disfunção visceral não tratada produz, pouco a pouco, um bloqueio vertebral que por outro lado mantém a lesão visceral. De tal forma que pode ser a responsável de manter uma lesão na coluna vertebral até que a lesão visceral seja corrigida.
Depois de uma cirurgia, (essencialmente abdominal) a osteopatia visceral está indicada como terapia complementar, pelo risco de aderência da própria cicatriz e respectivas consequências que daí advém.
O meu cranio move-se?
A crença que a anatomia das suturas cranianas se assemelhava a uma fratura consolidada e que não permitia nenhum movimento perpetuou-se por muito tempo na comunidade científica.
O osteopata Willian Garner Sutherland (1873-1954), formado na primeira turma de osteopatia de Andrew Taylor Still, acreditava que a regulação do organismo acontecia através de um movimento lento e rítmico, entre o crânio e o sacro, gerado pela dura-máter cranial e espinal. Esse movimento é chamado de MRP (Mecanismo Respiratório Primário), e fundamentalmente consiste na troca de gases e substâncias, geradas pela flutuação do líquor cefalorraquidiano (LCR), entre todas as células do corpo.
Sutherland, em The Cranial Browl, publicou esse conceito com os seguintes princípios:
- Existe uma motilidade inerente do cérebro e da medula espinhal;
- Existe uma flutuação do líquido cerebroespinhal;
- Existe motilidade nas membranas intracraniais e espinhais;
- Existe um movimento involuntário entre o sacro e os ilíacos que está sincronizado com o movimento cranial via meninges espinhais.

Com o aperfeiçoamento do diagnóstico por imagem e após alguns estudos anatômicos, constatou-se que as suturas do crânio apresentam várias outras estruturas, como, por exemplo, nervos e vasos sanguíneos.
Busquet cita o estudo experimental da mobilidade do crânio, cuja observação foi feita em paciente vivo e com a caixa craniana aberta, que encontrou os seguintes resultados:
- Mobilidade craniana sincronizada com os batimentos cardíacos;
- Mobilidade associada com a mudança de pressão associada à inspiração e à expiração pulmonar;
- Dois tipos de ondas rítmicas independentes das duas anteriores.
Concluiu-se, portanto, que o crânio, por ser articulado, está em movimento. Assim, pode desenvolver disfunção osteopática da mesma forma que os ossos da coluna e dos membros. Embora a amplitude desse movimento seja mínima, é suficiente para gerar efeitos sobre o funcionamento do corpo.
A perfeita flutuação do líquor cefalorraquidiano (LCR) é essencial para a manutenção do equilíbrio do organismo. O equilíbrio é transmitido para todas as partes do corpo, graças a uma rede ininterrupta de tecido conjuntivo composto pelas fáscias.
Qual é a importância da Osteopatia a nivel craneal?
As restrições de mobilidade nos ossos do crânio podem gerar bloqueios na fáscia craniana ou epicraniana, provocando o bloqueio da circulação natural do líquor, e, por conseguinte, diminuindo a comunicação do sistema nervoso com todo o corpo, causando disfunção ou reduzindo sua capacidade de autorrecuperação.

As técnicas utilizadas em osteopatia craniana consistem em exercer ligeiras pressões sobre a abóbada craniana ou simplesmente seguindo as tensões para fazer ceder bloqueios. O alvo desta terapia é a melhoria da circulação do líquido céfalo-raquidiano, que se encontra nas meninges e que protege todo o sistema nervoso central no cérebro.

Tratar apenas o cranio sem ter em conta as outras partes, não tem sentido e significa tratar de forma incorrecta, deixando muitos pontos por resolver. Deve tratar-se todo o conjunto de uma forma global, obtendo-se assim os melhores resultados.